O que é, afinal, o amor-próprio? 

Tão simples e profundo quanto o que sentimos por nós mesmas. Amor-próprio vai além de gostar de quem somos; trata-se de acolher todos os nossos lados, sejam eles os mais admiráveis ou os mais desafiantes. É a capacidade de olharmos para nós com compaixão, reconhecer as nossas imperfeições e, ainda assim, sentir respeito, carinho e um forte desejo de cuidar de quem somos.

Mas como construir essa relação connosco mesmas? Como desenvolver o amor-próprio? Não basta decidir, de um dia para o outro, que nos vamos amar. Amor-próprio é uma prática diária, que requer dedicação e compromisso. Assim como uma relação com um parceiro ou um amigo, precisa de atenção, honestidade e paciência.

O que influencia o Amor-próprio?

O que pensamos sobre nós mesmos impacta diretamente o nosso amor-próprio. Por exemplo, se acreditamos que "não somos capazes," esse pensamento negativo vai gerar sentimentos de tristeza e vergonha, destruindo a nossa autoconfiança. É essencial observar como os nossos pensamentos moldam o que sentimos e, consequentemente, como agimos. Além disso, a maneira como percebemos o nosso corpo e a imagem que temos de nós mesmos também influencia a nossa autoestima e autoconfiança.

As emoções, que muitas vezes tentamos reprimir, são sinais de alerta. Elas mostram-nos onde precisamos de fazer mudanças. Ignorá-las é como "empurrar para debaixo do tapete" — só aumentamos o problema. É por isso que não existem "emoções boas" ou "más"; todas elas têm o seu papel, e ouvir o que elas têm a dizer é parte fundamental do nosso crescimento.

Amor-Próprio não é perfeição

Sentir amor-próprio não significa que nunca passaremos por momentos de tristeza, raiva ou culpa. Esses sentimentos fazem parte da vida, e o importante é que saibamos acolhê-los sem nos julgarmos. Amor-próprio verdadeiro é estar presente para nós mesmos nos bons e maus momentos, oferecendo-nos a compreensão e o carinho que merecemos.

Nos momentos mais difíceis, o amor-próprio é o que nos permite continuar confiantes. Amares-te verdadeiramente significa teres a capacidade de te acolher em qualquer situação, sem deixar que os desafios abalem a visão que temos de nós mesmos.

A Construção do Amor-próprio

Cultivar amor-próprio é como construir uma relação com outra pessoa. Nem sempre é um processo simples e pode ser desafiador. Exige prática diária e a decisão contínua de investir tempo e energia em nós mesmos. Abandonar essa jornada é como desistir do maior amor da nossa vida — nós mesmos.

Essa construção requer três pilares fundamentais: autoaceitação, autocuidado e autocompaixão.

  1. Autoaceitação é o primeiro passo para um relacionamento saudável connosco mesmas. Aceitar quem somos — os nossos pontos fortes, as nossas imperfeições e até mesmo as falhas — é um ato de respeito. Aceitar não significa conformismo ou resignação, mas sim reconhecer a nossa realidade e abrir portas para a mudança.
  2. Autocuidado envolve o compromisso de cuidar de nós mesmos física, mental e emocionalmente. É colocar as nossas necessidades em primeiro plano, não por egoísmo, mas por sabermos que só podemos estar verdadeiramente presentes para os outros quando cuidamos bem de nós mesmos.
  3. Autocompaixão é o coração do amor-próprio. Trata-se de tratarmos a nós mesmos como trataríamos um amigo querido. A autocompaixão permite que aceitemos os nossos erros, ao invés de nos afundarmos em culpa e crítica. Afinal, todos erramos e, através do erro, temos a oportunidade de aprender e crescer.

A aceitação e o perdão

Aceitar o que nos aconteceu, ou até mesmo as escolhas que fizemos no passado, não é um sinal de fraqueza, mas de inteligência emocional. Aceitar permite-nos evoluir e avançar. O contrário da aceitação é a resignação, que é desistir de agir e de buscar mudanças. Aceitar é permitir que o passado exista, mas ao mesmo tempo, abrir espaço para um novo futuro. Por exemplo, uma pessoa que aceita seu corpo tal como é não está se acomodando; pelo contrário, está se respeitando o suficiente para transformar o que deseja, sem ódio ou punição.

O perdão também é fundamental nessa jornada. Muitas vezes, perdoamos facilmente quem amamos, mas temos dificuldade em nos perdoar. Será que isso significa que ainda não nos amamos verdadeiramente? O perdão é essencial para a nossa saúde mental e física, pois quando não nos perdoamos, acumulamos sentimentos de culpa que impactam negativamente o nosso bem-estar.

Praticar a Autocompaixão

Existem algumas práticas que podem ajudar no desenvolvimento da autocompaixão:

  1. Mindfulness (atenção plena): Estar presente, sem julgamento, com curiosidade sobre os nossos pensamentos e emoções, ajuda-nos a lidar melhor com os momentos difíceis.
  2. Autobondade: Dá-te a mesma bondade que darias a alguém que amas. Como tratarias uma amiga em situação semelhante? Sê gentil consito mesma.
  3. Humanidade compartilhada: Lembra-te de que todos somos humanos e imperfeitos. Saber que outras pessoas passam pelas mesmas dificuldades ajuda-nos a sentir menos isolados.

Um exercício simples é imaginar uma situação em que muitas pessoas estão a enfrentar a mesma dificuldade. Por exemplo, se chumbaste num teste e és a única na sala que chumbou, podes sentir-se isolada. Mas se todos falharam, a dor é partilhada, e isso traz um sentimento de conexão. A autocompaixão ajuda-nos a entender que não estamos sozinhos e que os nossos desafios são comuns a todos.