O jejum intermitente tem ganho popularidade como sendo uma estratégia para perda de peso e melhoria da saúde metabólica. São muitas as celebridades que já admitiram utilizar este método para manter a linha. Uma das mais populares foi a Cristina Ferreira, por exemplo. No entanto, é crucial entender o que a evidência científica realmente mostra sobre os seus benefícios e limitações, especialmente em humanos.
A evidência em estudos com animais
Muitos dos benefícios atribuídos ao jejum intermitente foram observados em estudos com animais, principalmente ratos. Esses estudos mostram resultados promissores, é verdade, como melhoria no metabolismo e aumento da longevidade. Contudo, é crucial destacar que os ratos não têm o mesmo contexto social no que diz respeito à alimentação que os humanos. O que é que isso quer dizer? Que os ratinhos não são como nós, não tem fome emocional, não vêem a comida como um fator social, mas apenas como um meio de sobrevivência.
Benefícios metabólicos
Os benefícios metabólicos do jejum intermitente em humanos dependem principalmente da restrição calórica a que ele induz. Isso significa que, quando a ingestão calórica é reduzida, independentemente de ser através de jejum ou de uma dieta convencional, os resultados metabólicos são semelhantes.
Além disso, o jejum intermitente pode ser útil para indivíduos com resistência à insulina, ajudando a melhorar a sensibilidade à mesma em alguns casos.
Perda de Peso
A perda de peso é mais um processo comportamental do que fisiológico. O fator determinante para o sucesso é a adesão ao plano alimentar, independentemente da sua composição nutricional. Isso significa que tanto o jejum intermitente quanto uma dieta convencional podem ser eficazes, desde que a pessoa consiga manter o plano alimentar proposto.
O básico para a perda de peso é o défice calórico. Se alguém fizer jejum intermitente e não garantir que está em défice, com certeza não vai emagrecer. Nãoa diante ficar 12-16 horas sem comer se nas restantes horas vai consumir mais do que as suas necessidades diárias.
Porque é que o Jejum Intermitente é recomendado?
Apesar das evidências científicas não mostrarem uma superioridade clara do jejum intermitente sobre outras dietas, ele ainda é amplamente recomendado. Isso pode ser atribuído à influência dos "gurus" das modas alimentares, que precisam de sustentar a narrativa que construíram para se diferenciar dos outros. Infelizmente, essa necessidade de manter uma imagem pode sobrepor-se às evidências científicas.
Nos dias de hoje, a internet está inundada de informações, nem sempre corretas, sobre alimentação, dietas e nutrição em geral. Muita dessa informação, principalmente de pessoas não especializadas na área, não é baseada em evidências científicas nem tem em conta as diferenças e necessidades individuais de cada pessoa.
A Evolução da Ciência
A ciência está em constante evolução, e o que acreditamos ser verdade hoje pode mudar amanhã com as novas descobertas. Um exemplo simples é a recomendação sobre a ingestão de proteínas para aumentar a síntese proteica muscular. Há alguns anos, acreditava-se que a distribuição da proteína ao longo do dia era crucial. Hoje, sabemos que o total de proteína ingerida é mais importante do que sua distribuição.
Além disso, áreas como comportamento alimentar e coaching, que não eram enfatizadas anteriormente, ganharam importância nos últimos anos. Isso reflete a necessidade contínua de atualização e adaptação com base nas novas evidências.
Afinal, o Jejum Intermitente funciona ou não?
A resposta não é simples. O jejum intermitente pode funcionar para algumas pessoas, mas não por ser inerentemente superior a outras abordagens. O seu sucesso depende da motivação e adesão de cada pessoa ao plano alimentar. Para aqueles que preferem ou se sentem confortáveis com períodos de jejum, pode ser uma estratégia eficaz. É importante lembrar que qualquer processo de perda de peso deve considerar os aspectos motivacionais e comportamentais, pois somos humanos, não ratos de laboratório.
Longos períodos de jejum podem ser adequados para pessoas que não têm fome pela manhã, que não se importam de saltar o jantar ou que simplesmente preferem essa abordagem. O mais importante é encontrar uma estratégia sustentável e saudável que se encaixe no estilo de vida de cada um.
A ciência está em constante evolução, e devemos deixar que as evidências científicas guiem as nossas práticas e não crenças individuais ou modismos. Portanto, é essencial manteres-te informada e aberta às mudanças que o conhecimento científico traz.